Seria a solução dos problemas de vício, perigo, violência e outros do TikTok a proibição de acessar à plataforma? - Nina Dahmer

 Seria a solução dos problemas de vício, perigo, violência e outros do TikTok a proibição de acessar à plataforma? 


Com vídeos curtos de edição rápida, a plataforma de vídeos do TikTok tem se tornado um grande fenômeno entre o público mais jovem nos últimos anos, ultrapassando inclusive o Twitter em aplicativos mais instalados em 2021. Mas, qual seria o motivo de tamanho sucesso? E o que essa rede social tem de tão diferente das outras?

A plataforma, quando lançada, surpreendeu a muitos com seu formato diferente para o mercado da época, ao contrário de muitas outras redes sociais, como o Facebook, Snapchat e Instagram. O TikTok não tem o objetivo de mostrar as postagens de seus amigos e familiares, e sim mostrar conteúdos de pessoas baseados no que você mais assiste através do “For You”, que é uma timeline de vídeos curtos infinitos personalizados pelo algoritmo para você.

 Esse modelo tornou-se tão popular que, mais tarde, outras marcas o adotaram, como o YouTube, plataforma de vídeos conhecida por conteúdos em um padrão de mais ou menos quinze minutos que, em junho de 2021, adicionou a função Shorts para vídeos de menor duração. Além disso, o Instagram, que era uma mídia apenas de fotos, adicionou, em junho de 2020, a função Reels.

Esses vídeos curtinhos são extremamente viciantes, porque um cérebro de uma criança e/ou adolescente que ainda não está 100% formado, ao receber tanta informação de forma expressa é como uma enxurrada de dopamina, que faz com que ele se sinta uma ilusão de felicidade, alegria e satisfação que pode ser muitas vezes usado como válvula de escape para problemas externos em casa ou na escola. O problema é que quanto mais dopamina o cérebro recebe, mais ele a deseja. Isso transforma o que era para ser um aplicativo divertido para os jovens em uma droga que pode atrapalhar seus estudos e concentração e causar vício e dependência digital em muitos. Tanto que são chamadas as pessoas que usam TikTok de “usuário do TikTok” da mesma forma que se nomeia um usuário de substâncias ilícitas.

Outra questão a ser discutida é como os pais têm pouco controle sobre o que os filhos estão fazendo na internet, mesmo o aplicativo tenha a classificação etária apenas para maiores de dezoito anos a regra é totalmente descumprida e ignorada por muitos, eu, por exemplo, entrei na plataforma com uns dez anos de idade, e o TikTok, no geral não faz muita coisa a respeito disso. Podem aparecer muitas coisas impróprias para crianças assistirem, como: vídeos com violência, estímulo a TA (Transtornos alimentares), estímulo à automutilação e suicídio, teor sexual, vídeos de mulheres nuas ou seminuas com teor sexual e uso de substâncias ilícitas são alguns do que podem ser encontrados, mesmo todos serem tecnicamente proibidos pela plataforma. 

Isso pode ter riscos para a saúde dos usuários, afinal uma criança ou adolescente com a cabeça ainda não formada, sendo facilmente influenciado e tendo acesso a esse tipo de conteúdo, vai absorver essas coisas e ensinar a seus colegas. Essas situações de risco também acontecem com os “challenges” da plataforma, pois como diz o pediatra Marco Antônio Chaves Gama, do grupo de Trabalho sobre Saúde na Era Digital da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP): “Crianças e adolescentes funcionam na base da emoção e do prazer, eles não têm capacitação mental para avaliar o risco desses desafios. Eles querem ‘aparecer’ uns para os outros e acabam por transgredir a linha de segurança”. Um exemplo disso foi o “Desafio do apagão” que consistia em induzir a si mesmo em um sufocamento por alguns segundos, do meio de 2021 até novembro de 2023 ao menos quinze crianças morreram com doze anos ou menos e cinco adolescentes entre treze e catorze anos. 

Outra coisa que acontece muito são crianças que gravam vídeos para suas contas na plataforma se expondo e que recebem hate extremo, comentários preconceituosos, assédio, ameaças de morte, etc. E isso pode levá-las a ficarem muito mal e até mesmo se machucarem. Como no caso do Lucas Santos de dezesseis anos, filho da cantora Walkyria Santos que postou um vídeo no TikTok brincando que ia beijar o amigo e recebeu milhares de comentários de ódio e homofobia, e que um tempo depois não aguentou a quantidade de hate que o levou a cometer suicidou.

Em conclusão, eu acho que toda essa situação é muito séria, mas banir a rede social ou proibir o uso não é a solução para isso, até porque vão existir e inclusive já existem outras, e proibir seu filho ou filha muitas vezes só vai fazer ele tentar enganar você usando escondido ou migrando para outra plataforma parecida. Acho que precisamos cobrar do TikTok que as regras da comunidade sejam cumpridas e também conscientizar os pais e familiares dos perigos da rede, para que eles possam controlar melhor o conteúdo e tempo de uso do app e também conversar com seu filho a respeito. No próprio aplicativo existem funções para menores de idade onde os responsáveis podem privar a conta, colocar tempo de uso, restringir que o filho comente em vídeos, restringir o conteúdo e mais. 



Referências:

  1. https://www.tiktok.com/safety/pt-br/guardians-guide/ 

  2. https://www.imaginie.com.br/temas/o-impacto-do-tiktok-no-comportamento-de-jovens/#:~:text=O%20uso%20excessivo%20de%20m%C3%ADdias,casos%20extremos%20levar%20%C3%A0%20morte

  3. https://oglobo.globo.com/saude/noticia/2023/04/tiktok-expoe-criancas-e-adolescentes-a-conteudos-perigosos-como-devem-agir-os-pais-especialistas-dao-dicas.ghtml 




Biografia: 

Meu nome é Nina T. Dahmer, e sou estudante de artes cênicas e do fundamental II da Sá Pereira. Eu sempre fui muito influenciada a ler, escrever, pesquisar e abordar temas complexos em casa e na escola. 








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